sábado, 14 de abril de 2012

Sufocando


Eu sei, tá tudo preso, tá sufocando, né?
Um abraço aliviaria, mas os braços que te anestesiam estão muito longe agora.

Eu quase nunca tive necessidade de escrever diários. Quando era criança, a frequência era muito irregular... cerca de 3 a 5 vezes por ano, no máximo. Não que eu não tivesse nada a contar, mas a verdade é que provavelmente eu não soubesse como lidar direito com o que sentia. Talvez porque achasse que não fazia sentido algum confessar-me a uma folha em branco. Então eu cresci e passei a me expressar através de desenhos e volta e meia, escrevendo poesias. Por um tempo funcionou. Mas logo percebi que não era suficiente.
Meus sentimentos não cabiam mais no mero espaço de uma estrofe ou rima de poesia.
Eu sangrava. Eu sofria. Eu negava. Eu te queria. E sufocava...
Já faz algum tempo que eu nego a proporção que a situação tomou. Não é mais tão simples.
Na verdade, nunca foi...
Ser transparente sempre foi meu maior defeito. Meus lábios jamais se convenceram das palavras que meus olhos ousavam exclamar como mentiras. Mesmo quando eu nego, cada fibra do meu corpo recusa minha omissão, minha covardia por ter audácia de acreditar que você não sabe.
E você sabe...você sabe... sempre soube.
Cada vez que descubro compartir tus labios, eu morro um pouco. Guardo-me um pouco de dignidade com o propósito de tentar me convencer do engano que penso sentir.
Mas cada vez que me flagro respirando fundo e repetindo mentalmente "Está tudo bem", percebo que não está nada bem.
Fui pega desprevenida e agora é tarde demais. Não tenho como fugir... e nem quero. Estou apenas sufocando.
Sem clareza alguma na mente, os erros surgem. Cruéis, vis entrelaçando-me na dúvida.
E fico presa nas trevas, buscando a luz.
Onde está a luz?
Onde está?
Onde estás?

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